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Publicação Gazeta do Povo

Acordo entre UFPR e prefeitura de Curitiba vai permitir exame de sangue dos animais e de seus donos para que ambos possam ser atendidos pelo resgate social nas unidades da FAS

Um projeto do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR) vai avaliar a saúde dos animais de moradores de rua de Curitiba e isso pode se transformar no acesso desse público ao serviço de resgate social. É o que pretende a presidente da Fundação de Ação Social (FAS), Larissa Tissot, que assinou, na semana passada, termo de acordo com a UFPR para iniciar a abordagem com a população de risco.

O objetivo é garantir a saúde dos moradores de rua e de seus animais para que eles possam juntos ser atendidos nos equipamentos da FAS. “Para que o resgate social seja feito, é essencial que o morador de rua vá aos equipamentos da FAS . Mas é muito difícil ele ir se não puder levar seu cachorro ou gato, que muitas vezes é o único vínculo afetivo que resta para quem já não tem mais contato nenhum com a família”, explica Larissa. Esse foi justamente o principal problema encontrado em 2014 pela prefeitura de São Paulo no programa que previa a transferência dos frequentadores da cracolândia para hotéis, que proibiram a entrada dos animais.

A iniciativa, apresentada pela médica veterinária Mara Gravinatti, 26 anos, como parte de seu projeto de mestrado na UFPR, prevê a coleta de sangue não só de cachorros e gatos, mas também dos próprios moradores de rua. O objetivo é fazer o exame dos bichos para verificar a possibilidade de transmissão de doenças, mas também comparar as análises de sangue dos moradores de rua que têm e dos que não têm animais. “Queremos avaliar se esses animais podem ser a causa de algumas enfermidades não só ao morador de rua, mas à população em geral”, explica Mara.

O sangue tanto do animal quanto da própria pessoa só será coletado se permitido pelo morador de rua. Inicialmente, será avaliada a incidência de quatro doenças: leptospirose, leishmaniose, toxiplasmose e chagas. Em um segundo momento, a intenção é estender a análise também para tuberculose.

Detectado a doença, seja no morador de rua ou no animal, ambos serão encaminhados para tratamento. Na abordagem dos veterinários, cães e gatos serão vacinados e receberão vermífugo e antipulgas. Se o morador de rua permitir, o animal também será encaminhado para cirurgia de castração.

Tratamentos dos animais podem ajudar os próprios moradores de rua a também buscar auxílio médico.Antônio More/Gazeta do Povo

Na próxima semana, Mara começa a cadastrar os moradores de rua que possuem animais nos seis Centros POP de Curitiba – equipamentos da FAS onde a população de risco pode passar o dia, podendo tomar banho, se alimentar, além de receber atendimento de assistentes sociais e psicólogos. Por dia, cada Centro POP atende 70 pessoas, totalizando 420 atendimentos. Já os abrigos têm 1.700 vagas para pernoite para adultos, crianças e adolescentes.

A veterinária já conduziu levantamento semelhante em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde dos 30 moradores de rua com animais avaliados, nenhuma doença foi constatada nem nos bichos, nem nos proprietários. “O estudo também vai servir para mostrar que, ao contrário do que muita gente pensa, os cachorros dos moradores de rua não são necessariamente causadores de doenças. No caso da leptospirose, por exemplo, a transmissão pode ser por rato”, aponta o também médico veterinário Alexander Biondo, professor da UFPR e orientador de Mara no mestrado.

Saúde do cão e do dono

A presidente da FAS, Larissa Tissot, acredita que o cuidado com a saúde do animal também possa ajudar o próprio morador de rua a se convencer da importância de buscar tratamento médico. “O cuidado com o animal pode se transformar em um espelho para que o próprio morador de rua também se cuide”, aponta.

Da experiência que teve no levantamento em São José dos Pinhais, a médica veterinária Mara Gravinatti constatou que na maioria das vezes o morador de rua não dá a devida atenção para a própria saúde, mas sempre se preocupa que seu animal esteja bem alimentado e saudável. “A gente notou que quando o morador de rua percebe que o animal evolui com os devidos cuidados, ele mesmo se permite ser encaminhado para alguns atendimentos, como auferir a pressão ou uma avaliação dos dentes”, aponta Mara.

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PUBLICADO  no caderno ILUSTRÍSSIMA  do Jornal FOLHA de S.PAULO  dia 3 de Novembro 2013 Cachorro também é ser humano

As emoções caninas postas em exame

GREGORY BERNS

RESUMO Exames de ressonância magnética atestam semelhanças entre cães e humanos quanto ao funcionamento do caudado, região cerebral que reconhece o prazer. A constatação de emoções parecidas leva pesquisador a defender que animais têm uma “humanidade” limitada e que deveríamos rever o tratamento dado a eles.

Há dois anos meus colegas e eu treinamos cães para ficarem num aparelho de ressonância magnética –totalmente despertos e sem estarem amarrados ou presos de nenhuma forma. Nossa meta é determinar como funcionam os cérebros dos cães e, o que é ainda mais importante, o que eles pensam de nós, humanos.

Agora, depois de treinar e fazer exames de ressonância magnética em uma dúzia de cães, minha única conclusão inescapável é esta: os cães também são pessoas.1234174_665503960134217_1256995280_n

Como os cães não falam, os cientistas deduzem seus pensamentos a partir de observações comportamentais. É arriscado. Não é possível perguntar a um cão por que ele faz alguma coisa. E não é possível lhe perguntar como se sente.

A possibilidade de trazer à tona emoções animais assusta muitos cientistas. Afinal, a utilização de animais em pesquisas é um grande negócio. Era fácil evitar as perguntas difíceis sobre as percepções sensoriais e as emoções dos animais, porque essas perguntas não tinham resposta possível.

Até agora.

Com o exame direto dos cérebros dos animais, passando ao largo das limitações do behaviorismo, a ressonância magnética nos revela o estado interno dos cães. O exame é realizado em espaços confinados e ruidosos. As pessoas não gostam do procedimento, durante o qual é preciso ficar totalmente imóvel.

A prática veterinária convencional reza que é preciso anestesiar animais para que não se movam enquanto passam pela ressonância. Mas não é possível estudar a função cerebral de um animal anestesiado –ao menos não quanto a elementos interessantes como percepção ou emoção.

Desde o início, tratamos os cães como pessoas. O dono de cada cão assinava um termo de consentimento baseado no modelo usado para procedimentos em crianças. Ressaltávamos que a participação era voluntária e que o cão tinha o direito de abandonar o estudo.

Usamos apenas métodos de treinamento positivos. Nada de sedação ou cintos. Se o cachorro não quisesse ficar no aparelho de ressonância, podia sair, como qualquer voluntário humano.

Minha cadela Callie foi a primeira. Resgatada de um abrigo de animais, Callie era uma cadela magra, mista de terrier, uma raça conhecida como “feist” –independente, corajosa– nos Apalaches, a região do leste dos EUA de onde ela vem.

Fiel às suas origens, Callie preferia caçar esquilos e coelhos no quintal a ficar aconchegada no meu colo. Sua curiosidade natural provavelmente foi o motivo para ela ter ido parar num abrigo, mas também o que fazia fácil treiná-la.

Com a ajuda de meu amigo Mark Spivak, treinador de cães, comecei a ensinar Callie a entrar num simulador de aparelho de ressonância magnética que construí na sala de minha casa. Callie aprendeu a subir degraus e a entrar num tubo, a colocar sua cabeça sobre um apoio de queixo e a ficar totalmente imóvel por períodos de até 30 segundos. Também precisou aprender a usar protetores de orelhas para resguardar sua audição dos ruídos de 95 decibéis feitos pelo aparelho.

Após meses de treinamento, algumas tentativas e erros no aparelho de ressonância real, fomos recompensados com os primeiros mapas de atividade cerebral.

Nos primeiros ensaios, medimos sua resposta cerebral a dois sinais feitos com as mãos no aparelho. Nos ensaios posteriores, ainda não publicados, determinamos que regiões do cérebro dela distinguem cheiros de cães e humanos conhecidos e desconhecidos.

Em pouco tempo a comunidade ficou sabendo de nosso esforço para determinar o que os cachorros pensam. Em um ano tínhamos reunido uma equipe de uma dúzia de cães preparados para fazer ressonância magnética.

SEMELHANÇA Estamos apenas começando a responder às perguntas básicas sobre o cérebro canino, mas não podemos ignorar a semelhança notável entre cães e humanos na estrutura e no funcionamento de uma região cerebral chave: o núcleo caudado.

Rico em receptores de dopamina, o caudado se localiza entre o tronco encefálico e o córtex. Nos humanos, desempenha papel crucial na antecipação de coisas que nos dão prazer, como comida, amor e dinheiro.

Mas será que podemos virar essa associação de trás para diante e deduzir o que uma pessoa está pensando pela simples medição da atividade do caudado?

Devido à enorme complexidade das interligações entre as diferentes partes do cérebro, geralmente não é possível associar uma função cognitiva ou emoção isolada a uma única região cerebral.

É possível, porém, que o caudado represente uma exceção. Partes específicas do caudado se destacam porque, diante de um grande número de coisas que dão prazer aos humanos, elas se ativam de forma consistente. A ativação do caudado, sob as circunstâncias apropriadas, é capaz de prever nossas preferências de comida, música e até mesmo beleza.

No caso dos cães, descobrimos que a atividade no caudado aumentava em resposta a sinais das mãos que indicavam comida. O caudado também se ativava diante do cheiro de humanos conhecidos.

Em ensaios preliminares, ele se ativava diante do retorno do dono que tivesse momentaneamente saído das vistas do animal. Essas descobertas provam que os cachorros nos amam?

Não exatamente, mas muitas das mesmas coisas que ativam o caudado humano, coisas associadas a emoções positivas, também ativam o caudado canino. Os neurocientistas chamam a isso homologia funcional, e pode constituir um indicativo de emoções caninas.

A capacidade de sentir emoções positivas, como amor e apego, significaria que os cães possuem um nível de percepção sensorial comparável ao de uma criança.

Por muito tempo, cães foram tratados como propriedade humana. Embora leis estaduais e a Lei do Bem-Estar Animal, de 1966, tenham exigido que se destine um tratamento melhor aos bichos, elas consolidaram a visão de que os animais são coisas –objetos dos quais se poderia dispor, desde que tomado o cuidado razoável para minimizar seu sofrimento.

Mas agora, ao usar a ressonância magnética para afastar as limitações do behaviorismo, não podemos mais fazer vista grossa para as evidências. Os cães, e provavelmente muitos outros animais também (especialmente os primatas com parentesco mais estreito conosco), parecem ter emoções, exatamente como nós temos. Isso significa que precisamos rever o tratamento que damos a eles.

HUMANIDADE Uma opção é reconhecer uma espécie de “humanidade” limitada dos animais que demonstram evidências neurobiológicas de emoções positivas. Muitos grupos de resgate já usam esse rótulo de “guardião” para descrever os humanos que cuidam de animais, vinculando o humano a seu protegido por meio da responsabilidade implícita de cuidar dele.

Aquele que deixe de atuar como bom guardião corre o risco de ter seu cão encaminhado para outro protetor. Mas não existem leis que tratem animais como pupilos ou protegidos, de modo que os diferentes grupos de resgate que operam segundo o modelo da guarda carecem de bases legais para proteger os interesses dos animais.

Se déssemos mais um passo adiante e concedêssemos aos cães os direitos que acompanham a condição humana, eles ganhariam proteção adicional contra a exploração.

A criação de cães sob condições desumanas para finalidade de lucro rápido, o uso de cães em laboratórios e as corridas de cães seriam proibidos, pois violariam os direitos básicos de autodeterminação de uma pessoa.

Creio que a sociedade ainda está a muitos anos de distância de considerar cães como pessoas. Contudo decisões recentes da Suprema Corte levaram em conta descobertas da ciência neurológica que abrem essa possibilidade.

Em dois casos, o tribunal decidiu que infratores menores de idade não poderiam ser sentenciados à prisão perpétua sem a possibilidade de liberdade condicional. Em suas decisões, a corte citou evidências obtidas em exames de imagem cerebral a fim de atestar que o cérebro humano não está maduro na adolescência.

Embora esses exemplos não guardem relação com a percepção sensorial dos cães, os juízes abriram a porta para o recurso à neurociência nos tribunais. Quem sabe um dia vejamos um caso judicial em que os direitos de um cão sejam defendidos com base em exames de imagem cerebral.

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Proposta prevê que o animal seja levado em “gaiolas” usadas hoje nos aeroportos nacionais

Agência Estado | 07/06/2013 08:26:51

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Agência Estado

O transporte de cães e gatos de até 10 kg nos 14 mil ônibus coletivos de São Paulo foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Municipal e deve entrar na pauta de votação na terça-feira, 11. De autoria do governista e líder evangélico David Soares (PSD), a proposta prevê que o animal seja levado em “gaiolas” usadas hoje nos aeroportos nacionais, sem “dejetos, água e alimentos”.

A nova regra tem o apoio de entidades de defesa da proteção animal e dos principais líderes do Legislativo. “A lei é um avanço, mas 10 quilos ainda é muito pouco. Acho que deveria ser permitido para cães maiores. Muitas pessoas na periferia querem socorrer um cachorro e levá-lo até um hospital, mas não conseguem pela falta de opção para transportá-lo”, avalia Anna Soghomonian, da entidade MMSP, uma rede de protetores independentes que atua na Grande São Paulo.

Soares, filho do líder evangélico R.R. Soares, concorda: “A iniciativa beneficia, principalmente, a população de baixa renda que, muitas vezes, não tem condições financeiras de custear o transporte até o posto de vacinação ou mesmo ao veterinário“. Entre as raças de cães que poderão circular nos ônibus, estão yorkshire, poodle, shitszu, dachhund, pug e vira-latas de pequeno porte.

O passageiro terá de apresentar ao motorista a carteira de vacinação em dia do animal que será transportado. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Legislativo avaliou que a proposta tem fundamento jurídico. “A Constituição Federal atribuiu ao município competência para organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local”, diz o parecer pela legalidade da nova regra emitido pela CCJ.

De acordo com relatos de usuários de ônibus feitos à Câmara Municipal, muitas pessoas já levam hoje animais domésticos escondidos em sacolas e bolsas nos ônibus. “Eu já levei meu gato no ônibus e até no metrô”, diz a bancária Luciane Seren Franco. Hoje, apenas o cão-guia, usado para auxiliar deficientes visuais, pode entrar nos ônibus e nos vagões do Metrô.

Melhoria
Autor do projeto que criou o primeiro hospital público para cães e gatos, Roberto Tripoli (PV) também elogiou o projeto. “Muitas pessoas já levam seus cães na linha que atende a região perto do hospital público de cães no Tatuapé. Vamos agora discutir a proposta no plenário e analisar com as entidades como aperfeiçoá-la.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Marcelo Rubens Paiva

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O velho e os gatos (de 6 dedos)

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29 de dezembro de 2012 | Marcelo Rubens Paiva – O Estado de S.Paulo

O governo federal americano resolveu “tombar” os gatos de Ernest Hemingway e transformá-los em patrimônio nacional.

São 50 gatos herdeiros legitimados em testamento pelo Prêmio Nobel de 1954, estrelas de livros como Hemingway’s Cats (Pineapple Press), que moram no 907 da Whitehead Street, em Old Town Key West, pequena ilha cercada pelo mar azul-turquesa da Flórida, na antiga casa feita de pedras nativas. Hemingway viveu de 1931 a 1940, bebeu e escreveu neste sobrado em estilo colonial espanhol pé na areia cercado por um jardim tropical e decorado por móveis antigos e animais empalhados (não gatos), hoje The Ernest Hemingway Home & Museum.

Alguns dizem que foi o período mais produtivo do autor de O Velho e o Mar, inventor do romance moderno que embola vida pessoal e ficção permeada por diálogos que causam efeitos na narrativa. Imitado por muitos de nós. Por mim, com certeza. Escrevia em pé na companhia de gatos de seis dedos. Normalmente eles têm cinco dedos na frente e quatro atrás.

Foi o capitão de um barco de Boston quem presenteou Hemingway com um gato da raça Maine Coon branco de seis dedos, Snowball. O bichano tendo em quem se inspirar achou que Key West era sempre uma festa e saiu espalhando o sêmen e o problema genético conhecido como polidactilia, depois de golinhos de leite e sobras de rum.

Hoje, os herdeiros são tratados e vacinados pelo veterinário Edie Clark e cercados por uma tela inclinada para dentro para impedir a fuga. A companhia farmacêutica Pfizer garante remédios para o bem-estar dos felinos, livres de pulgas e outros parasitas. A contrapartida é que os usa em anúncios.

Hemingway dava nome de pessoas famosas a seus gatos, como Picasso e Simone de Beauvoir. A tradição é seguida. Quer apostar que tem um Roth lá, gato velho e tarado, resmungando de dores no reto?

Se Snowball vadiou bastante pela ilha, calcula: os gatos que vivem lá e são tombados são da décima geração dos que se enrolaram pelos pés de Hemingway, ronronaram para ele, passearam entre seus papéis e lamberam seus beiços lambuzados de mojito. O velho Roth é pra lá do octaneto do escritor.

Não conheceram “Papa”, no entanto exercem um fascínio peculiar. Fãs, leitores e turistas em busca dos cruzeiros caribenhos dão uma paradinha para vê-los. Lá estão os tataranetos dos tataranetos daquele mulherengo beberrão que gostava de caçar, pescar e de touradas, lutou em três guerras e deu um tiro de fuzil na boca.

Melhor blindar os peludos da ira dos flashes.

+++

Gatos domésticos vivem mais que os de rua, que morrem em brigas de gangue, xavecando felina do vizinho, em atropelamentos, envenenamentos, viroses e ataques de predadores, como fabricantes de tamborim e vendedores de churrasquinho de origem desconhecida. Sem contar que ninguém sai com uma seringa na mão procurando bichanos arredios para colocar a vacinação em dia. Dos felinos.

Vivem de 6 a 8 anos, enquanto seus colegas caseiros de 12 a 15 anos. É como comparar um homem solteiro-boêmio com um casado-caseiro. Gatos podem desenvolver doenças renais, cardíacas, diabetes, câncer, entre outras. Como nossos amigos que costumam fechar bar.

Castração traz vantagens aos bichinhos, já que muitas viroses, inclusive uma tal aids felina, são transmitidas sexualmente e pelo sangue, contágio que acontece em brigas e acasalamentos. O veterinário Diego Farjat diz que um gato alimentado, castrado e vacinado corretamente pode viver até 30 anos.

Sou do tempo em que comida do gato era pires com leite C, sobra do almoço, evitando-se osso de galinha que, diziam, entala, e sardinha em dia de feira.

O ideal hoje é ração específica para a raça, idade, peso e ambiente. Pode ser diet, natural, orgânica, para abaixar colesterol, queda de pelo, seca, molhada, premium, superpremium, para gatos com propensão a obesidade e diabéticos, com problemas renais crônicos, pelo longo ou para prevenção de recidivas na urolitíase. E, aprendi na marra, apesar de adorarem derivados do leite, eles não o digerem bem, ficam enjoados e têm diarreia. Eu ainda dava sobras de Activia aos meus coitados

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Veja mais na revista http://www.issuu.com/moveinstitute/docs/move_behavior

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Mapa detalha 19.993 árvores do Central Park

Por LIZ ROBBINS
Cerca de 37 milhões de pessoas vão ao Central Park todos os anos, e, vendo-se cercadas por 23 mil árvores, a maioria não sabe diferenciar um sassafrás de um Euonymus alatus. Mas Ken Chaya e Edward Sibley Barnard não são como a maioria. Passe duas horas com eles caminhando pelo oásis carregado de oxigênio em Manhattan, e você terá a impressão de que todos seus sentidos estão aguçados ao extremo.
Você sente o aroma fresco de gaulthéria de um ramo de bétula aberto. Você pega uma vagem resistente do gimnóclado e saboreia a geleia que há em seu interior, que lembra um melaço. Você passa as mãos sobre os ramos alados do Euonymus alatus e percebe rapidamente que a textura é semelhante à da cortiça.
E, então, você começa a entender o puro assombro que levou esses dois homens a dedicar dois anos e meio de suas vidas a traçar um mapa que detalha 19.993 árvores no Central Park.
O mapa inclui 174 espécies e representa 85% da vegetação contida nos 341 hectares do parque.
“Se eu gostaria de incluir todas as árvores?’, pergunta Chaya, 55, ornitólogo amador e designer gráfico freelancer. “É claro que sim, mas eu sou maluco. Não é possível incluir todas. Isso seria soberba. Citamos as árvores grandes, as importantes.”
Chaya e Barnard contaram que gastaram US$ 40 mil com o projeto, pois o Central Park significa muito. Os dois esperam apenas recuperar esse valor.
O mapa, que é à prova d’água e frente e verso, tem como título “Central Park Entire: The Definitive Illustrated Folding Map” (Central Park por inteiro: o mapa ilustrado dobrável definitivo) e é vendido por US$ 12,95 na lojinha de presentes do parque e no site de seus autores na internet, CentralParkNature.com. Desde janeiro, eles já venderam 1.100 exemplares da versão do mapa em pôster, que custa US$ 35.
Foi Chaya quem fez os desenhos, que incluem as trilhas, os monumentos, as pontes e os playgrounds de Central Park. Todos os banheiros estão indicados.
Barnard, conhecido como Ned, conta que o mapa foi ideia dele. Ele queria escrever um livro sobre as árvores do Central Park e atraiu Chaya, seu amigo desde os anos 1970, para o projeto. Mas, depois de Chaya ter penetrado na moita do bosque Ramble para desenhar uma amostra da vegetação, os dois se deram conta de que tinham um produto maior para oferecer, algo que teria utilidade imediata maior.
Perto do Portão dos Inventores, na esquina da rua 72 e Quinta Avenida, Barnard apontou para grupo de cerca de 20 espécies, incluindo a magnólia, o cárpino, com casca fibrosa, o majestoso olmo americano, a onipresente cerejeira preta (há 3.839 delas no mapa), o ésculo e o invasivo bordo norueguês, que Chaya descreveu, em tom de brincadeira, como “eurotrash”, pois ele rouba recursos de outras espécies.
No primeiro plano, havia plátanos londrinos, espécie favorita de Robert Moses, o urbanista que a plantou por toda a cidade, pensando tratar-se de uma árvore britânica. É um híbrido de jardim, disse Barnard. Sua folha ainda é o símbolo do departamento de parques da cidade.
Perto do laguinho “Conservatory Water”, Barnard e Chaya apontaram para três carvalhos Quercus palustris envelhecidos, todos inclinados em direção a um feixe de sol, como torres de Pisa.
“Os poderes de observação deles são tremendos”, disse Neil Calvanese, vice-presidente de operações da Central Park Conservancy, falando dos criadores do mapa. A Conservancy é a organização sem fins lucrativos que administra o parque e levanta 85% de seu orçamento anual de US$ 37,4 milhões.
Calvanese trabalha com as árvores do Central Park há 30 anos, mas Chaya e Barnard lhe falaram sobre um carvalho Quercus prinus na área de North Woods que ele nunca tinha visto. “Aquilo me incomodou um pouco”, ele comentou. “Eu deveria ter sabido da existência dessa árvore.”
Desde que o pôster saiu, Calvanese já promoveu a remoção de quase 70 árvores precárias; essa tarefa é uma parte importante do trabalho da Conservancy. Nos últimos dois anos, a queda de galhos provocou duas mortes.
A organização está tentando preencher uma seção do norte do parque que perdeu mais de 500 árvores em uma tempestade em agosto de 2009. O mapa dobrável traz 303 árvores novas no local.
Restam no Central Park apenas 150 árvores da era dos paisagistas que o criaram, Frederick Law Olmsted e Calvert Vaux. Uma delas, de 1862, é uma das favoritas de Barnard: a Nyssa sylvatica que ocupa um campo só dela na Ramble, a área de bosque do parque. “Árvores antigas, na minha opinião, possuem algo de sagrado”, disse Barnard. “Foram elas que nos criaram. Somos mamíferos que passávamos nosso tempo no dossel.

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Bichos eternos

Embrulhados em linho e encerrados com toda reverência em jazigos, as múmias de animais guardam pistas intrigantes sobre a vida e a morte no Antigo Egito.

Por A. R. Williams
Foto de Museu Egípcio do Cairo
Bichos eternosUma gazela de estimação de uma rainha era mumificada com a mesma pompa de membros da família real. Envolta em bandagens e posta num caixão de madeira feito sob medida, ela seguiu sua dona ao túmulo por volta de 945 a.C.
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Em 1888, ao escavar a areia nas proximidades do vilarejo de Istabl Antar, um fazendeiro egípcio descobriu uma sepultura coletiva. Os corpos não eram humanos. Eram de felinos – um número assombroso de gatos da Antiguidade mumificados e enterrados em covas. Alguns envoltos em linho ainda pareciam apresentáveis e uns poucos exibiam caras enfeitadas. As crianças do vilarejo ofereciam os melhores espécimes aos turistas por qualquer troco. O resto era vendido a peso como fertilizante. Um navio chegou a transportar cerca de 180 mil gatos mumificados para Liverpool, uma carga que pesava algo como 17 toneladas, para serem espalhados pelos campos da Inglaterra.

Eram os idos tempos das expedições que escavavam por toda parte no deserto em busca de tumbas reais com esquifes e máscaras de ouro. Os muitos milhares de animais mumificados que apareciam não passavam de coisas a serem removidas para dar passagem ao que de fato interessava. Pouca gente dedicou-se a estudar esse material, e sua importância era ignorada.

No século seguinte, a arqueologia tornou-se menos uma caça aos troféus e mais uma ciência. Os escavadores se deram conta de que boa parte da riqueza dos sítios repousa na multidão de detalhes sobre pessoas comuns. As múmias de animais são parte importante dessa empreitada.

“Eles são de fato manifestações da vida cotidiana”, afirma a egiptologista Salima Ikram. “Bichos de estimação, comida, morte, religião. Essa é a gama de interesses dos egípcios.” Especialista em zooarqueologia – o estudo dos despojos de animais antigos -, Salima ajudou a encaminhar nova linha de pesquisa direcionada a gatos e outras criaturas. Como professora da Universidade Americana do Cairo, ela adotou a negligenciada coleção de animais mumificados do Museu Egípcio no âmbito de um projeto. Ao realizar mensurações precisas, espiar sob as bandagens de linho com raio X e catalogar suas descobertas, Salima criou uma ala para a coleção. “Você olha para esses animais e, de repente, diz ‘Ah, o rei tal tinha um bicho de estimação. Eu também tenho’. E eis que os antigos egípcios saltam os mais de 5 mil anos que nos separam deles para se tornar gente como a gente.”

As múmias de animais são agora uma das atrações mais populares no museu. Atrás de painéis de vidro jazem gatos envoltos em bandagens de linho, formando desenhos de diamantes, listras, quadrados e xadrês; musaranhos acondicionados em recipientes de pedra calcárea; carneiros em embalagens adornadas de contas; um crocodilo de carapaça, com 5 metros de comprimento, que havia sido enterrado ostentando múmias de jacarezinhos bebês dentro de sua bocarra; fardos recobertos de intrincados apliques contendo íbis, a ave de pernas longas e bico fino encurvado, endêmica ao longo do rio Nilo; gaviões; peixes. Até mesmo pequeninos escaravelhos com as bolotas de fezes que eles comiam.

Alguns animais eram preservados para que seus falecidos donos tivessem companhia na eternidade. Os antigos egípcios abonados preparavam suas tumbas com toda pompa, na esperança de que seus pertences pessoais estivessem disponíveis por vias mágicas depois da morte. A partir de mais ou menos 2950 a.C., os reis da primeira dinastia eram sepultados em seus complexos funerários, em Abidos, com cachorros, leões e burros. Mais de 2,5 mil anos depois, durante a 30ª dinastia, um plebeu de Abidos chamado Hapi-men foi levado ao jazigo com seu cachorrinho encolhido a seus pés.

Também mumificavam alimentos para os mortos. Os melhores cortes de carne, patos suculentos, gansos, pombos eram salgados, desidratados e envoltos em linho. “Provisões mumificadas”, diz Salima Ikram. “Pouco importava se a pessoa tivesse ou não tido acesso a esses alimentos durante a vida. O fato é que, depois da morte, eles estariam lá à disposição.”

Alguns animais eram mumificados por serem os representantes vivos de uma divindade. A cidade de Mênfis, capital do Antigo Egito durante boa parte de sua história, cobria 50 quilômetros quadrados no seu ápice, em torno de 300 a.C., com uma população de cerca de 250 mil habitantes. Hoje, a maior parte de sua glória jaz sob a aldeia de Mit Rahina. No entanto, ao longo de uma estrada poeirenta, as ruínas de um templo se erguem entre tufos de grama. Era ali o local em que se embalsamava o touro Ápis, um dos mais reverenciados animais daquela época.

Símbolo de força e virilidade, o Ápis tinha ligações estreitas com o rei. Ele era meio animal e meio deus, e foi eleito para veneração por causa de um conjunto incomum de marcas que ostenta no corpo: um triângulo branco na testa, formas esbranquiçadas de asas nos quartos dianteiros e traseiros, a silhueta de um escaravelho na língua e pelo duplo na ponta do rabo. Ao longo de sua vida, era mantido em um santuário especial, onde se via paparicado pelos sacerdotes, adornado com ouro e joias e adorado pelas multidões. Ao morrer, acreditava-se que sua essência divina migrava para outro touro, deflagrando, então, a busca por esse novo escolhido. Nesse meio tempo, o corpo do falecido era transportado para o templo e depositado em um leito de travertino (um tipo de rocha calcárea), trabalhado com primor. A mumificação demorava pelo menos 70 dias – 40 para secar o enorme repositório de carne e 30 para cingi-lo de bandagens.


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Publicado em 11/2009

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Na Ásia, a demanda por remédios tradicionais, animais exóticos e iguarias culinárias impulsiona um negócio – legal e ilegal de bilhões de dólares que está esvaziando as selvas, os campos e os mares.

Por Bryan Christy
Foto de Mark Leong
O tráfico da vidaEm uma fazenda de criação no Vietnã, a bile é extraída de um urso-negro-asiático sedado. Milhares de ursos selvagens foram capturados para se obter a bile, usada como medicamento.
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Em 14 de setembro de 1998, Wong Keng Liang, um esguio malaio de óculos, desembarcou do voo 12 da Japan Airlines, no aeroporto internacional da Cidade do México. Vestia jeans, paletó azul-claro e camiseta adornada com uma vistosa cabeça branca de iguana. À espera dele estava o agente George Morrison, responsável por uma unidade de elite com cinco agentes, conhecida como Operações Especiais, do Serviço de Pesca e Vida Selvagem, o órgão federal americano que cuida da flora e da fauna selvagens. Poucos segundos após ser detido, Anson (nome pelo qual Wong é conhecido entre os traficantes de animais e os policiais encarregados de combatê-los) foi levado algemado pela polícia federal mexicana à maior prisão do país.

Para Morrison, a prisão de Anson Wong foi uma vitória contra o mais procurado contrabandista de espécies ameaçadas em todo o mundo. Não foi fácil realizar essa façanha, que mobilizou autoridades da Austrália, do Canadá, do México, da Nova Zelândia e dos Estados Unidos, e foi o ponto culminante de uma operação sigilosa que se arrastou por meia década – e ainda é considerada a mais bem-sucedida investigação internacional sobre tráfico de espécies silvestres.

Por muito tempo, e em muitos países (entre os quais os Estados Unidos), não se levou muito a sério a conjunção dos termos “fauna selvagem” e “atividade criminosa”. Por isso, os promotores públicos federais queriam conferir à condenação de Anson um caráter exemplar que mostrasse ao mundo que os traficantes de animais são criminosos. Além de acusá-lo com base no Lacey Act, a lei americana contra o tráfico de fauna, também o indiciaram por formação de quadrilha, contrabando e lavagem de dinheiro.

Durante dois anos, Anson lutou para evitar sua extradição para os Estados Unidos, mas acabou por fazer um acordo, confessando crimes que poderiam lhe render uma pena máxima de 250 anos de prisão e multa de até 12,5 milhões de dólares. Em 7 de junho de 2001, foi condenado a 71 meses de prisão em uma penitenciária federal (reconhecendo-se, porém, que Anson já cumprira 34 meses), multado em 60 000 dólares e proibido de vender animais nos Estados Unidos durante três anos após sair da prisão.

Se imaginava que tal pena seria eficaz para coibir as atividades de Anson Wong, o juiz estava equivocado. Logo após Anson ter sido detido, Cheah Bing Shee, sua mulher e parceira de negócios, abriu uma nova empresa, a CBS Wildlife, que passou a exportar animais para a América enquanto o marido estava na prisão. Além disso, a principal empresa de Anson, a Sungai Rusa Wildlife, prosseguiu com suas remessas de animais mesmo após a proibição judicial. E agora que está livre, Anson lançou um novo empreendimento, um zoológico que promete ser a mais audaciosa de todas as suas iniciativas.

O jogo dos números

É quase impossível nomear uma espécie animal ou vegetal, de qualquer parte do planeta, que ainda não tenha sido comercializada – legal ou ilegalmente – em virtude de sua carne, pelo, pele, canto ou valor ornamental, como animal de estimação ou ingrediente de perfumes ou remédios. A cada ano, a China, os Estados Unidos, a Europa e o Japão gastam bilhões de dólares em espécies oriundas das regiões biologicamente mais ricas do mundo, como o Sudeste Asiático.

O caminho até o mercado mundial começa quando caçadores ou lavradores pobres capturam os bichos para mercadores locais que fazem parte de uma cadeia de intermediários. Na Ásia, os animais silvestres acabam nas mesas de banquetes ou em lojas de medicamentos; nos países ocidentais, nas casas de gente que aprecia exibir troféus de animais exóticos. A lógica econômica é tão simples quanto a de um leilão de obras de arte: quanto mais raro o item, mais alto é seu preço. E, como a natureza está acabando, os preços das criaturas mais raras só fazem subir.

Embora ninguém saiba avaliar com exatidão a dimensão desse comércio clandestino, de uma coisa não resta a menor dúvida: é um negócio muito lucrativo. Para evitar apreensões, os contrabandistas escondem a fauna ilegal em meio a carregamentos autorizados, subornam funcionários de órgãos de controle e da alfândega e falsificam documentos de exportação. Poucos chegam a ser capturados, e, mesmo nesses casos, as penas costumam ser brandas. É bem possível que o tráfico de espécies silvestres seja hoje a forma mais lucrativa de comércio ilegal.

Os contrabandistas também se aproveitam de uma brecha na Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagens em Perigo de Extinção (Cites, na sigla em inglês). Com 175 países signatários, a Cites é o principal tratado mundial para a proteção da fauna selvagem, classificada em três grupos segundo o perigo que corre cada espécie. Os animais incluídos no Anexo I, como os tigres e os orangotangos, são considerados tão vulneráveis à extinção que não podem ser comercializados. Já as espécies do Anexo II não estão assim periclitantes e podem ser negociadas sob um sistema de licenças. Aquelas que constam do Anexo III estão protegidas pela legislação nacional do país que as incluiu na lista. Mas o tratado da Cites tem uma brecha enorme: os espécimes criados em cativeiro não desfrutam da mesma proteção daqueles que vivem em condições naturais.


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Publicado em 01/2010
 

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